Abrir a janela do busão em pleno outono tardio, sentir o ar geladinho da Serra Gaúcha bater no rosto e já sacar que o roteiro vai ser daqueles que viram história no churrasco dos amigos. É com esse espírito que o time da DeÔnibus montou este guia (ou manual de sobrevivência) pra quem quer encarar Gramado em junho apostando no transporte rodoviário.
Não tem caça-níqueis te vendendo upgrades, não tem check-in de filme de suspense no aeroporto; só estrada, paisagens épicas, paradas estratégicas e, claro, muito pinhão, fondue e chocolate quente pra abastecer a vibe invernal.
Índice
Por que escolher o ônibus como seu trono sobre rodas

Viajar sobre pneus até Gramado virou tendência de quem quer economizar grana, reduzir pegada de carbono e, de quebra, colecionar cenários instagramáveis ao longo do caminho.
Depois de sair de São Paulo, a rota padrão faz pit-stop em Porto Alegre antes de subir a serra. Dá cerca de 1.125 km — 18h a 22h no trecho inicial, dependendo do serviço. A vantagem? Poltronas semi-leito que reclinam o suficiente pra você acordar sem travar a cervical, Wi-Fi decente em boa parte das empresas e aquela sensação delicinha de ver o amanhecer colorindo o interior do Paraná e de Santa Catarina sem precisar de óculos escuros.
O trajeto SP–Porto Alegre rola uma vez ao dia, com duração média de 21h. Já de Porto Alegre pra Gramado são só 125 km, pouco mais de 2h30 de subida entre araucárias. A rota tem saídas ao longo do dia — manhã, tarde, noite e até de madrugada — e companhias como Citral, Ouro e Prata e FlixBus fazem a festa.
Conveniência e sustentabilidade
Óleo diesel ainda não virou arco-íris, mas o ônibus emite proporcionalmente menos CO₂ por passageiro do que o avião num voo curto. Some isso a bagagem despachada na faixa e ao fato de chegar já dentro da cidade (nada de transfer Porto Alegre–Gramado do aeroporto), e pronto: vantagem aberta.
Economia e flexibilidade
Promoções de passagens online viraram rotina. Quem pesquisa com antecedência pesca bilhetes Tietê-Porto Alegre a partir de R$ 270 e Porto Alegre-Gramado na casa dos R$ 40 (tarifas de maio de 2025). Se pintar mudança de planos, remarcação costuma ser menos burocrática que companhia aérea de baixo custo. E se o cartão de crédito quiser férias, a DeÔnibus parcela em até 12 vezes sem juros.
Clima em Gramado em junho: frio, nevoeiro e fotos de Pinterest

Junho é sinônimo de temporada de inverno — mesmo antes do solstício. As médias históricas mostram máximas entre 15°C e 18°C e mínimas que flertam com 7°C. Durante frentes frias mais brutas, pode despencar pra 3°C. A umidade segue alta: previsão de 5mm a 10mm de chuva por dia na estatística climática.
A boa notícia? A névoa cinemática nas primeiras horas do dia deixa qualquer selfie dramática — e o chocolate quente fica oficialmente obrigatório.
O que esperar do clima
- Dias curtos: o sol se põe por volta das 17h30.
- Sensação térmica mais baixa: vento úmido rouba calor rapidinho.
- Possibilidade de geada: rarinha, mas existe, principalmente ao amanhecer.
Dicas de agasalho e mala
- Segunda pele térmica (supera a camiseta tripla que pesa e não esquenta).
- Casaco corta-vento com capuz.
- Cachecol ou buff leve, pra saciar estilo hipster e segurar o frio.
- Luvas touch-screen (ninguém quer dedo congelado na hora do story).
- Bota impermeável: chuva fina + paralelepípedo = tombo anunciado.
- Guarda-chuva compacto ou capa de chuva (gramadense usa sem vergonha).
Como sair de São Paulo rumo à Serra Gaúcha sem stress
A estratégia clássica é quebrar o trajeto em dois blocos: São Paulo → Porto Alegre → Gramado. Mas nada impede de dividir ainda mais e explorar cidades pelo caminho. Abaixo, os highlights de cada trajeto:
Trecho SP – Porto Alegre
- Empresas: Cometa, Expresso Adamantina, FlixBus, Penha.
- Saídas: geralmente noite (19h–22h), ideal pra dormir grande parte do percurso.
- Dica ninja: escolha poltrona do corredor se for de perna longa; se for de sono leve, janela na metade do veículo, longe do motor.
Trecho Porto Alegre – Gramado
- Empresas: Citral e Ouro e Prata dominam.
- Tempo: 2h30 a 3h, dependendo do horário e do trânsito na BR-116.
- Parada: Nova Petrópolis costuma ser ponto rápido pra embarque/desembarque. Aproveite pra espiar esta cidade que é conhecida como o “Jardim da Serra Gaúcha” antes de seguir viagem.
Roteiro de inverno sobre rodas: SP → Canela → Nova Petrópolis → Gramado
Nada de escadinha ping-pong sem propósito. A proposta é transformar o deslocamento em capítulo do passeio, usando o próprio ônibus de linha + integrações locais para curtir duas joias irmãs antes de pousar em Gramado.
Dia 1 — São Paulo → Curitiba → Lages → Porto Alegre
O busão noturno permite acordar em Curitiba na troca de motorista e seguir pela BR-116 cortando cânions catarinenses. É maratona? É. Mas a vista compensa, e a mochila de snacks salva.
Dia 2 — Porto Alegre → Canela (almoço com vista para a Catedral de Pedra)
Chegou cedo na rodoviária de Porto Alegre, embarque no próximo carro pra Canela (mesmo bilhete Porto Alegre-Gramado, basta descer antes). Em dois cafés você está na terra do Sonho de Natal. Caminhe até a Catedral de Pedra para aquela foto gótica. No inverno, a cidade vira cenário de filme europeu, com festival de luzes confirmado no novo Canela Light Fest.
Almoço: aproveite o menu típico gaúcho num dos restaurantes ao redor da Praça Matriz — churrasco de tira, sopa de capeletti e vinho da casa acessível.
Dia 3 — Canela → Nova Petrópolis (Rota Romântica + muito apfelstrudel)
Pegue o ônibus Citral via BR-235 (saídas quase de hora em hora). Quarenta minutos depois, você desembarca em Nova Petrópolis — jardim da Serra Gaúcha e parada obrigatória na Praça das Flores. Renda-se ao apfelstrudel do Café Colonial antes de visitar o Labirinto Verde. Tour vinho? O Wine Bus oferece transporte, degustações e almoço germânico num bate-volta de 9h, saindo 7h30 e voltando 17h.
Dia 4 — Nova Petrópolis → Gramado (chegada triunfal e fondue noturno)
Hora de subir o miolo final da Rota Romântica. Coloque a playlist folk alemã no fone e encare 35 min de curvas suaves. Check-in no hotel escolhido e saída direta pro festival de calorias: fondue de queijo, carnes na pedra e chocolate belga no final. Se for sexta, estique o passeio até a Rua Coberta pra ver música ao vivo — parte da programação oficial da Temporada de Inverno.
Dia 5 — Gramado sem pressa
Reserve um dia inteiro pra andar a pé e tacar carimbo mental nos clássicos: Lago Negro, Mini Mundo, Rua Torta, Igreja São Pedro e fábricas de chocolate. Quem quiser doses extras de neve indoor pode agendar Snowland logo cedo (evita fila). À noite, tour cervejeiro pra provar IPAs artesanais — sim, tem cena craft forte ali.
O que fazer em Gramado em junho além do obvio

Junho não é só Dia dos Namorados — é mês de pré-temporada do famoso Festival de Cinema, com mostras gratuitas pipocando pelo Palácio dos Festivais. E mais:
Eventos de inverno
- Temporada de Inverno (1º jun – 31 jul): ruas iluminadas, menus de sopas especiais e desconto em museus.
- Festival de Fondue: restaurantes competem pelo fondue mais criativo.
- Feira do Livro: autores gaúchos batem papo no coreto da Rua Coberta.
Calendário completo no site local de turismo.
Melhores passeios pro frio
- Aldeia do Papai Noel — não é Natal, mas bonecos animatrônicos seguram a vibe gelada o ano todo.
- Parque Olivas de Gramado — degustar azeites premium olhando o vale do Quilombo.
- Tour de chocolate — Caracol Chocolates e Lugano explicam todo o processo (e liberam amostras).
- Hollywood Dream Cars — carros clássicos dos anos 50 cromados e fotogênicos pra quem curte vintage.
Quer lista mais completa? O time da DeÔnibus já escreveu um raio-X recheado neste post sobre o que fazer em Gramado que tá bombando no Google.
Chocolate quente e gastronomia de inverno
Junho é quando as cafeterias perfilam panelinhas fumegantes na vitrine. O pedido campeão: chocolate quente cremoso + conhaque opcional pra esquentar a alma. Acompanhamentos que viram refeição:
- Waffle belga com frutas vermelhas.
- Croque monsieur no pão artesanal.
- Cuca alemã recheada com doce de leite.
Bate-voltas de Gramado em junho usando apenas o ônibus
Quer esticar a trip sem alugar carro? Se liga:
- Vale dos Vinhedos (Bento Gonçalves): ônibus Citral + urbano local, visita a vinícolas boutique.
- Caxias do Sul: 1h40 de estrada, ideal pra quem curte museu de imigração italiana.
- Cambará do Sul: dois ônibus + transfer 4×4 até os cânions Itaimbezinho e Fortaleza.
Dá pra planejar tudo pelo próprio buscador de passagens da DeÔnibus. Aliás, já salva o link da passagem de ônibus para Gramado pra comparar horários em tempo real.
Perguntas frequentes
Junho já esquenta a procura. Três a quatro semanas antes garante preço amigo.
Pequeno, mas existe. O fenômeno ocorre em média uma vez a cada dois ou três anos — sempre de madrugada e dura pouco.
Se o orçamento estiver folgado e você curtir dirigir em pista sinuosa, ok. Mas o ônibus deixa na rodoviária central de Gramado, dá pra fazer tudo a pé ou em tours.
Segunda pele + lã + casaco corta-vento. No pé, bota forrada ou tênis impermeável estilo trekking.
Gramado e Canela têm índices de criminalidade urbanos baixos. Mantenha atenção normal e aproveite.
Gramado em junho: Veredito gelado, coração aquecido

Depois de cinco dias, duas cidades irmãs, um labirinto germânico e litros de chocolate quente, fica claro: quem embarca rumo à Serra Gaúcha sobre quatro rodas descobre um caminho tão saboroso quanto o destino. Gramado em junho de ônibus?
Guia nenhum segura tanta história — e a estrada ainda reserva capítulos bônus nas curvas da Rota Romântica. Vamo que vamo!