A expressão cidade mais fria do Brasil já aparece de cara porque, sim, São Joaquim vive nesse pódio gelado há décadas e continua atraindo viajantes que sonham com neve sem precisar de passaporte.
Mas frio não é tudo: a terra dos vinhos de altitude, das macieiras e das paisagens serranas revela sabores, histórias e aventuras que merecem um guia parrudo.
O time da DeÔnibus vestiu o casaco, pesquisou rotas, tarifas, microclimas e até onde pedir mais lenha, para entregar cada detalhe que você precisa antes de apertar o botão “comprar passagem”.
Índice
Por que São Joaquim leva a fama de cidade mais fria do Brasil?

Nem é marketing vazio: a estação meteorológica local registra média anual de 13°C e termômetros próximos de 0°C nas madrugadas de inverno. Junho costuma cravar mínimas de 5,9°C; é a chance de ver neve ou geada digna de cartão-postal.
A altitude de quase 1.360m, o relevo ondulado e as massas de ar polar que avançam pela Serra Catarinense explicam os casacos infláveis nos moradores. Verdade seja dita, a vizinha Urupema disputa o título nos relatórios técnicos, mas São Joaquim segue liderando a imaginação popular e o volume de visitantes.
Altitude, latitude e atitude: a equação do frio
Não é só estar lá no alto. O planalto serrano cria vales que “seguram” o ar gelado, enquanto a latitude catarinense coloca a cidade numa rota preferencial das frentes frias que chegam da Patagônia.
O resultado disso são recordes nacionais de formação de sincelo — aquela arte congelada que transforma cercas em esculturas translúcidas.
Como chegar em São Joaquim de ônibus: rota, tarifas e pulos do gato

Viajar de ônibus até a cidade mais fria do Brasil já é parte da aventura. Dá tempo de ver o relevo se transformar e economizar no combustível (que, convenhamos, não está barato).
Saindo de Florianópolis
Não existe linha direta, mas o esquema é simples:
- Embarque no Terminal Rita Maria rumo a Lages (Viação Catarinense ou Eucatur).
- De Lages, troque para uma linha regional operada pela Viação Santa Terezinha ou Planalto e siga até a rodoviária de São Joaquim.
A jornada leva cerca de 6h10 min, com passagens na casa dos R$ 160 a R$ 220, dependendo do horário.
Partindo de São Paulo ou Curitiba
- São Paulo → Lages (leito ou semi-leito noturno).
- Curitiba → Lages (opção diurna com belas vistas do litoral e da Serra do Mar).
Chegando em Lages, o trecho final até São Joaquim é idêntico ao descrito acima.
Link extra de planejamento: já que você está em modo montanha, confira nosso guia Campos do Jordão de ônibus para inspirar outras escapadas serranas.
Dicas DeÔnibus para garantir lugar e conforto
- Compre on-line com antecedência nos meses de neve; os assentos evaporam.
- Prefira horários diurnos se curtir fotografia: a SC-114 revela cânions, araucárias e até cascatas em degelo.
- Chegue à rodoviária de Lages com pelo menos 30 min de folga; o embarque para São Joaquim costuma ser pontual.
Melhor época para visitar: frio, flores ou a vindima?
São Joaquim não se resume a bater queixo. Cada estação entrega um cenário diferente, então escolha sua vibe:
Estação | Temperaturas | Highlights |
---|---|---|
Inverno (jun-ago) | 0 °C–12 °C | Neve, Festival da Maçã, vinhos robustos |
Primavera (set-nov) | 4 °C–17 °C | Cerejeiras, colheita da uva temprana |
Verão (dez-fev) | 10 °C–23 °C | Degustações ao ar livre, cavalgadas |
Outono (mar-mai) | 6 °C–18 °C | Foliage dourada, safra das maçãs Fuji |
Para neve, aposte entre junho e julho, quando frentes frias fortes costumam encostar. Já quem quer clima tranquilo para caminhadas sem cachecol deve mirar novembro a abril.
O que fazer em São Joaquim: top experiências que esquentam o roteiro

Antes de enfrentar a friaca, vale criar um itinerário turbinado. Segue o “menu degustação”:
- Villa Francioni – Vinícola ícone com degustações panorâmicas e arquitetura que mistura Toscana e Serra Catarinense.
- Vinhedos do Monte Agudo – Pôr do sol servido com espumante brut rosé.
- Leone di Venezia – Blend ítalo-catarinense premiado internacionalmente.
- Snow Valley – Parque de aventura com tirolesa, arvorismo e trilhas em meio a xaxins gigantes.
- Mirante dos Pinheiros – Vista 360° da serra; chegue cedo para ver a neblina dissipar.
- Museu da Maçã – Toda a saga que transformou a fruta em símbolo local.
- Igreja Matriz – Fachada de pedra basáltica e vitrais que refletem o céu inverno.
- Quinta da Neve – Vinhedo boutique, famoso pelo chardonnay de altitude.
- Centro de Informações Turísticas – Pegue o carimbo de “sobrevivente” da neve para o seu passaporte.
- Cânion do Funil – Bate-volta para trilheiros com bom fôlego e casaco corta-vento.
Eventos que valem a viagem extra
- Festa Nacional da Maçã – Anos pares, geralmente em abril. Shows, gastronomia e o famoso concurso da rainha.
- Vindima de Altitude – Fevereiro, com pisa da uva, jantar harmonizado e visitas guiadas às vinícolas.
Dica extra: quer mais ideias serranas? Dá uma olhada no nosso post Cidades serranas para conhecer em maio e monte um combo de destinos.
Guia de clima e o que colocar na mala sem drama
São Joaquim derruba mitos: não basta um casaco grosso. A umidade muda rápido e o vento bate forte.
- Camadas: segunda-pele térmica, fleece e shell impermeável.
- Calçado: bota de trekking com boa aderência; ruas podem congelar.
- Acessórios: touca, luvas touchscreen, cachecol e meias de lã merino.
- Extras: garrafa térmica, power-bank, protetor labial e hidratante — o ar seco detona a pele.
Quem viaja no outono vai agradecer um guarda-chuva compacto, porque a virada de estação traz pancadas rápidas.
Roteiro 3 dias sem carro: ônibus + pés na estrada

Dia 1 – Check-in, centro histórico e vinícola urbana
Chegue antes do almoço, deixe a bagagem no hotel e caminhe pela rua principal até a Igreja Matriz. Depois, pegue um táxi-app até a Villa Francioni para tour e degustação ao pôr do sol.
Dia 2 – Circuito frio extremo
Acorde cedo, vista todas as camadas e siga para o Snow Valley. Reserve a tarde para visitar o Museu da Maçã e provar torta recém-assada com chá de maçã.
Dia 3 – Vinhos e mirante
Agende tour nos Vinhedos do Monte Agudo (dão carona da praça central nos finais de semana). Feche o dia no Mirante dos Pinheiros com chocolate quente artesanal, assistindo as luzes da cidade acenderem.
Dica bônus: se estiver em grupo, confira nosso manual Como planejar uma viagem de ônibus em grupo e negocie desconto na hospedagem.
Perguntas frequentes
Três a quatro dias cobrem as vinícolas, a neve (se acontecer) e passeios naturais. Quem curte trilhas pode estender para cinco.
Sim! Basta selecionar Florianópolis (ou Lages) → São Joaquim e escolher horário e classe de serviço. Todos os bilhetes chegam por e-mail e valem no celular.
Não. Ela depende de massa polar forte, geralmente entre junho e agosto. Mas a chance é real: leve gorro por via das dúvidas.
Sim, mas poucos. Leve algum dinheiro vivo para degustações nas vinícolas menores e feirinhas de produtores.
Os tours oferecem traslado a partir do centro nos meses de alta temporada. Fora disso, táxi-app resolve.
Encare o frio e aqueça a alma

É hora de trocar o fandango do litoral pelo tango dos termômetros negativos. De ônibus você cruza vales, sobe a serra e chega ao epicentro da cidade mais fria do Brasil, carregando vinhos de altitude na bagagem e histórias que derretem qualquer gelo turístico.